Estudo bíblico sobre Atos 7  

Estudo bíblico sobre Atos 7  

Acompanhe nossa jornada por Atos dos Apóstolos. Hoje, vamos fazer o estudo bíblico de Atos 7, versículo por versículo. Vamos ler sobre Estevão e algumas outras pessoas, como o sumo sacerdote, provavelmente Caifás. 

Em Atos 7 lemos sobre Estevão, considerado o primeiro mártir da igreja cristã. O livro de Atos dos apóstolos é um excelente livro para quem deseja saber como surgiu a igreja cristã. Os princípios cristãos e como deve ser uma igreja cristã estão diretamente relacionados com as palavras escritas por Lucas em Atos dos apóstolos.  

O estudo bíblico do livro nos faz entender melhor como era a igreja primitiva, quais eram suas necessidades, dificuldades e como a igreja cristã superou as barreiras no início de uma nova doutrina, uma nova religião, que surgia em tempos históricos tão conturbados.   

Estudo Bíblico de Atos 7 – Versículos 1 e 2

Então, lhe perguntou o sumo sacerdote: Porventura, é isto assim? Estêvão respondeu: Varões irmãos e pais, ouvi. O Deus da glória apareceu a Abraão, nosso pai, quando estava na Mesopotâmia, antes de habitar em Harã. Atos 7:1-2

O capítulo 7 é o último da primeira fase do livro, que relata mais os feitos do apóstolo Pedro. Até então o foco maior deste trecho da Bíblia é em cima de Pedro e João, que ajudaram a igreja cristã a se formar. A partir do próximo capítulo até o capítulo 12, o livro de Atos enfoca um pouco mais nas perseguições e na figura de Saulo, que perseguia os cristãos.  

Os instantes finais da vida de Estevão são relatados em Atos 7. O sumo sacerdote questiona Estevão sobre o cristianismo e, após ouvir a defesa de Estevão, os judeus contrários ao cristianismo decidem levar Estevão para fora da cidade e apedrejam-no até sua morte.  

Para entender melhor o contexto deste capítulo, recomendo reler Atos 6, a partir do versículo 8, quando Estevão é apresentado ao Sinédrio. Nos primeiros versículos de Atos 7 vemos que Estevão recorre aos antigos ensinamentos para se defender, mencionando Abraão, Isaque e Jacó.  

Caifás

A menção do sumo sacerdote, no primeiro versículo, refere-se a Caifás. O relato da pregação, sermão, de Estevão é o mais longo no livro de Atos. Estevão tem como referência o texto ‘assim como fizeram vossos pais, também vós o fazei’ – no versículo 51. Estevão traz à memória os privilégios do povo hebreu e a rejeição do mensageiro de Deus e ressalta que os judeus rejeitaram o messias – Atos 7:52.  

Ao ser questionado, Estevão ressalta que o chamado de Abraão se deu quando este ainda estava na Mesopotâmia, antes de ir para Harã e, posteriormente, Palestina. Podemos constatar isso lendo Gênesis 15:7, Neemias 9:7 e Gênesis 11:31-32.  

“E falou Deus que a sua descendência seria peregrina em terra estrangeira, onde seriam escravizados e maltratados por quatrocentos anos” Atos 7:6

Uma curiosidade bíblica é que em Atos 7:6 é relatado 400 anos, provavelmente um número arredondado, já que Gálatas 3:7 relata 430 anos.  

Então, José mandou chamar a Jacó, seu pai, e toda a sua parentela, isto é, setenta e cinco pessoas. Atos 7:14

O relato de 75 pessoas, em Atos 7:14, segue a tradução da Septuagínta, conforme o texto grego do Antigo Testamento. Pois nesta contagem estavam inclusos o filho e o neto de Manasés, e mais dois filhos e um neto de Efraim. Provavelmente o relato de Gênesis 46:27 seguiu uma diferente forma de contagem.  

Estudo de Atos

Vamos continuar nosso estudo bíblico de Atos 7.

“e foram transportados para Siquém e postos no sepulcro que Abraão ali comprara a dinheiro aos filhos de Hamor” Atos 7:16

Em Atos 7:16 vemos que Estevão menciona a compra de um campo em Hebrom. O campo em questão foi comprado por Abraão de Efrom, um heteu (Gênesis 23:16 a 20).No entanto, a região em si, em Siquém, só fora comprado dos filhos de Hamor por Jacó – Gênesis 33:18 e 19. Essa referência é usada por Estevão para reforçar que Jacó e os patriarcas foram levados de volta a Canaã e sepultados no sepulcro de Abraão – Gênesis 49:29 a 3 e 50:12 e 13. 

De acordo com Josué 24:32, José fora enterrado em Siquém, e o historiador judeu Josefo revela que os irmãos de José foram sepultados em Hebrom. Jacó foi sepultado em Macpela, já José em Siquém. De acordo com estudos bíblicos confiáveis, a menção dessas duas transições de uma forma rápida se deu porque Estevão estava sem tempo e precisava se apressar em suas palavras.  

Estevão

“Mas o que agredia o próximo o repeliu, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz sobre nós? Acaso, queres matar-me, como fizeste ontem ao egípcio?” Atos 7:27-28

este estudo bíblico de Atos 7vemos como Estevão defendeu o cristianismo usando importantes referências do antigo testamento. Nos versículos 27 e 28 de Atos 7 vemos que Estevão menciona a ira de Moisés, quando este matou um egípcio em defesa de um hebreu – Êxodo 2:14. Quando Moisés assassinou um egípcio sua autoridade foi questionada e sua oferta rejeitada. Essa comparação utilizada no livro de Atos dos apóstolos é uma referência à rejeição de Jesus como o messias, o profeta prometido.  

“Decorridos quarenta anos, apareceu-lhe, no deserto do monte Sinai, um anjo, por entre as chamas de uma sarça que ardia” Atos 7:30

No versículo 30, ao falar “decorridos 40 anos”, Estevão se refere ao tempo além dos quarenta anos mencionados no versículo 23, totalizando oitenta anos.  

Estudo de Atos – 35 a 40

“A este Moisés, a quem negaram reconhecer, dizendo: Quem te constituiu autoridade e juiz? A este enviou Deus como chefe e libertador, com a assistência do anjo que lhe apareceu na sarça. Este os tirou, fazendo prodígios e sinais na terra do Egito, assim como no mar Vermelho e no deserto, durante quarenta anos. Foi Moisés quem disse aos filhos de Israel: Deus vos suscitará dentre vossos irmãos um profeta semelhante a mim. É este Moisés quem esteve na congregação no deserto, com o anjo que lhe falava no monte Sinai e com os nossos pais; o qual recebeu palavras vivas para no-las transmitir. A quem nossos pais não quiseram obedecer; antes, o repeliram e, no seu coração, voltaram para o Egito” Atos 7:35-39

Nos versículos 35 e 36 fica claro o paralelo entre Moisés e Jesus, numa tentativa de fazer que aquelas pessoas entendessem que, do mesmo modo que Moisés foi rejeitado pelo seu povo, Jesus também estava sendo rejeitado. O libertador, escolhido por Deus, estava sendo rejeitado mais uma vez, como já havia sido milhares de anos antes.  

O raciocínio de Estevão fica bem claro nos versículos 38 e 39, quando lembra que Moisés disse que Deus levantaria um profeta semelhante a ele – Deuteronômio 18:15-18,19. A passagem de Deuteronômio 18:15 é aceita como uma profecia sobre o Messias, portanto, quando recusavam Jesus recusavam Moisés também. Ao falar da congregação no deserto, ele se referia ao povo reunido no deserto para receber a Lei. Uma curiosidade bíblica é que o termo “congregação” utilizado em diversas passagens do Novo Testamento, é utilizado para se referir a quatro tipos de assembleias.

A primeira é sobre os filhos de Israel reunidos como povo. Segundo, um povo reunido para uma reunião da cidade. Terceiro, para se referir à igreja reunida como o Corpo de Cristo, como em Colossenses 1:18. Quarto, um grupo de cristãos reunidos como a igreja de Antioquia.  

Moloque

“e, acaso, não levantastes o tabernáculo de Moloque e a estrela do deus Renfã, figuras que fizestes para as adorar? Por isso, vos desterrarei para além da Babilônia” Atos 7:43

Moloque, mencionado no versículo 43, era um termo usado quando queriam se referir a diversas divindades cananéias, que recebiam sacrifícios humanos. A divindade Refã, ou Renfã, era uma divindade relacionada ao planeta Saturno.  

“Mas foi Salomão quem lhe edificou a casa. Entretanto, não habita o Altíssimo em casas feitas por mãos humanas; como diz o profeta: O céu é o meu trono, e a terra, o estrado dos meus pés; que casa me edificareis, diz o Senhor, ou qual é o lugar do meu repouso? Não foi, porventura, a minha mão que fez todas estas coisas?” Atos 7:47-50

A construção de Salomão mencionada em Atos 7:47 é a relatada em 2 Samuel 7:1 a 13 e 1 Reis 8>20.  

O texto mencionado em Atos 7:49-50 é a de Isaías 66:1 e 2.  

Explicação de Atos 7:51

“Homens de dura cerviz e incircuncisos de coração e de ouvidos, vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim como fizeram vossos pais, também vós o fazeis” Atos 7:51

Em Atos 7:51 Estevão é mais direto e no versículo 53, do capítulo 7 de Atos, ele revela que a culpa deles mesmos se agrava porque rejeitam a lei de Moisés. Estevão insinua que aqueles acusadores na verdade não obedeciam às leis mosaicas. Ele menciona que a lei foi entregue por anjos, pois anjos estavam presentes no Sinai – Gálatas 3:19 e Hebreus 2:2. Estevão fez uma acusação contra aquela geração incrédula fazendo relações com a própria história israelita.  

O objetivo messiânico de Jesus de entregar-se como sacrifício pelo pecado foi consumado na cruz, por isso, muitas vezes é mencionado que Jesus está à direita do Pai, como em Hebreus 1:3. No entanto, vale ressaltar que a missão sacerdotal de Yeshua continua a ser sustentar seu povo, como fez com Estevão, por isso o texto relata ele de pé, ministrando ao seu servo.  

Uma curiosidade bíblica sobre apedrejamentos é que a vítima era empurrada pela primeira testemunha. A vítima ficava despida, sobre uma estrutura de cerca de três metros (patíbulo). A seguir, a segunda testemunha oficial deixava cair uma pedra sobre a cabeça ou tórax da vítima. Por fim, os demais terminavam a execução apedrejando a vítima agonizante até a morte.  

Explicação Atos 7:58 e 60

“E, lançando-o fora da cidade, o apedrejaram. As testemunhas deixaram suas vestes aos pés de um jovem chamado Saulo”. Atos 7:58

Apesar da barbárie, podemos ler no versículo 58 que diversas testemunhas presenciaram o ato, o que tornava a ação legal, conforme Levíticos 24:14. No entanto, é provável que a execução de Estevão não tenha sido aprovada oficialmente por Pilatos.  

No último versículo lemos que Estevão adormeceu. Vale ressaltar que, no Novo Testamento o termo ‘adormeceu’ é utilizada diversas vezes como referência à morte física dos cristãos. Assim como em João 1:11 e 1 Tessalonicenses 4:13 e 15.  

Conclusão do Estudo Bíblico de Atos 7

Neste estudo bíblico do livro de Atos percebemos por diversas vezes como os novos cristãos arriscavam suas vidas e enfrentavam os perigos e acusações de peito aberto. Após esta declaração, os presentes se enfureceram e decidiram apedrejar Estevão. Um detalhe é que o apedrejamento de Estevão se deu fora da cidade porque os romanos não permitiam que a pena capital fosse infligida.  

O capítulo 7 de Atos termina com a menção de um personagem que se tornaria símbolo da igreja primitiva, Saulo.  

Nos próximos estudos bíblicos a figura de Saulo será muito estudado. Em Atos, Saulo, que mais tarde se tornaria Paulo, aparece pela primeira vez. Detalhe para a menção que Saulo se compadeceu de Estevão.  

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